rosren0

essa é a primeira tentativa de documentar o que aprendi ao passar dos dias, em forma de tutorial. mais um log de registros pra alimentar.

pois bem, já diria o mestre oriental Keisuke Honda, “passo por passo”. -

Simples demais.

  • A tecla L acelera a reprodução do vídeo, cumulativamente. Mas em fator maior.
  • A tecla K desacelera o vídeo.

  • Shift + L acelera em fator menor, podendo controlar melhor o nível de aceleração da visualização.

  • Shift + K desacelera.

Sim, não sabia disso até hoje.

fins de ano se mostram melancólicos, pra mim, com mais frequência do que eu gostaria. e agora, com 2020 perto, os 30 batendo à porta, você põe algumas ações em perspectiva. ou elas se põem por si.

alguns caminhos se fecham. bifurcações desanuviam à frente.

às vezes, nota algumas constantes. caminhar, seguir, tentar se manter aberto. tentar ouvir. fazer uma coisa de cada vez. constantes que mudam. mudanças que acabam por permanecer. permanecia que erra, nômade.

às vezes lembro de quando sorri, de quando fiz sorrir. e de quando fiz chorar. do dito, do não dito. do amor e do desamor. alguma conjectura do que poderia. o pensamento nesse futuro negado. o pensamento nesse presente-pretérito ininteligível.

ao mesmo tempo que 2019 é apenas uma medida arbitrária, sua passagem é um peso que se põe. ou que me ponho.

agradeço a quem foi e deixou um pouco. agradeço a quem vem, mesmo que não deixe nada.

É simples demais falar: “elimine as distrações” e “foque nas suas prioridades”. Há muitas coisas que a gente queria fazer. Há uma vida, porém, no meio das coisas que a gente queria fazer. Essa “vida” exige que a gente gaste mais horas do dia do que gostaria no trabalho de conversão de ATP e calorias em conceitos abstratos de valoração. Também exige que estejamos muito tempo em trânsito. Esse tempo em trânsito não é contado como “produtivo”, muitas vezes. É, talvez, uma espécie de “limbo do deslocamento” que se põe aí. Já desisti de ler no busão, dá dor de cabeça.

Então, a gente se pergunta: o dia tem realmente 24h pra todo mundo? Podemos apenas “focar no que importa”, para que as coisas fiquem um pouco mais amenas na nossa rotina? E quando você não sabe o que importa? E quando as circunstâncias limitam o que importa? Há uma mãe que acorda às 4 ou 5h da manhã para se arrumar pro trabalho e ainda tem que fazer todas as atividades de casa quando volta. Os filhos também trabalham o dia todo. Eles estão tentando também. Talvez ela se deite às 23h. Os joelhos doem. Mas é uma mãe que acorda às 4 ou 5h da manhã.

Talvez a pergunta que se põe é: o que pode fazer o nosso poder de agência sobre escolher o que importa? Reconheço que ainda tenho algum deste, guardado em alguma gaveta, mas ultimamente não tenho o usado tanto. O tempo anda curto e sinto que protelei demais algumas coisas que importam.

às vezes é muito estranho revisitar certos prazeres vinculados a um eu de alguns anos atrás. parece que alguma coisa não se encaixa, quando transposta pra outra realidade temporal. por outro lado, é interessante ver como o eu atual se comporta quando colocado com essas questões. como a gente navega e acessa a construção e a destruição das coisas. no meio disso, há essa disputa entre o eu estoico que quer se privar da dor e sofrimento das paixonites e o devir-sacanagem que pretende se expor e mergulhar na corrente do mundo, que é compelido a se colocar em situações potenciais, de 'risco' psicológico, fisiológico e escatológico. desse grande clash (!), sobram pequenos fragmentos do eu, pequenos demais para serem notados por si só. algo de particulas atômicas, sabe? não as vemos, mas nos seus choques sentimos seus efeitos; ainda, porém, abstratos, digamos. esse debater em nível atômico dos meta-eus (possibilidades do que eu que falam por si mesmo, ou algo assim) causam uma ação. e, então, a partir daí, é que a gente pode se manifestar nesse mundão aterrorizante. é bom lembrar que mar revolto é que faz boas pessoas do mar, melhor ainda é tentar sobreviver ao revoar da ventania molhada.

semana passada escutei algumas coisas, dentre elas: *um hip hop lo-fi *mais lo-fi, porem de outra ordem *e future funk

também vi alguns filmes como jogo de cena (mais diferentes versões de diferentes eus sendo mostradas com diferentes viéses) e amores perros. e esse lembrando que o eu não é só o que a gente faz, mas as possibilidades que não foram. passado, futuro e presente se aglutinando num só caminho e explodindo depois.

Resultado de uma breve prática em que consistiu de um exercício de imaginação no qual é proposto que um eu de 20 anos no futuro escreva uma carta ao seu eu de agora.

Cê não tá só. Veja. Encontre, ao seu lado, essas pessoas que caminham também, apesar das diferentes estradas, previamente traçadas ou não. Encontre, na caminhada, algo que lhe desfaça, e dessa força motriz, encontre tração, pois esta ainda não lhe levou nalgum lugar.

Talvez, o se que deva levar em conta é que o estar só, é, portanto, isso, um estado, uma posição. O trânsito é, então, de tal maneira a realização dessa tração numa espécie de vigor, vontade e curiosidade.

Um dia você chega, mas não se preocupe, esse chegar é também um tipo de trânsito que, enfim, já passou.

saio, com certeza, de um dos piores e dos mais duvidosos momentos da minha vida. aconteceram vários eventos de ruptura. erros foram cometidos, acusações trocadas. lágrimas. todo evento que vem para romper, vem com força maremotriz – e que joga tudo pra cima e pra baixo sem deixar momento para se recuperar. é ser levado pelo mar de supetão. nada mais forte, nada mais desesperador. nesse arrebatamento, podemos sobreviver, assim como há a grande possibilidade de sermos arrastados. situação similar a várias da vida, em que inúmeras variáveis podem se suceder, em diferentes ordens e grandezas, gerando um produto aleatório e impensável naquele momento. no instante seguinte tudo se torna claro, se você vai cair ou se haverá força suficiente para que possamos voltar à superfície. nesse momento, se acredita que nada, nem ninguém, nenhuma força conhecida poderá prestar qualquer tipo de auxílio, por menor que seja. você está só, desolado. inerte, está impedido pela própria incapacidade e pela incompreensão do que está ao redor. no último momento nos agarramos a algo, há uma pequena brecha em que podemos escapar, dar cabo dessa situação. sair do maldito engodo em que nos encontramos. vemos, então, a superfície. sempre mutantes, nós saímos como renascidos. e é aqui que espero ter acertado: agir de modo a não repetir erros passados ou errar cada vez de uma maneira “melhor” e menos agressiva às outras pessoas. esse foi meu domingo, um dia extremamente rápido, em que revi matrix pela – talvez pelos cálculos errados – oitava vez. talvez um filme que questione a própria realidade em que vivemos, ou que questione que há apenas um caminho a ser seguido, fosse o prenuncio de algo que permeia: o questionar, ainda que eu não questione o suficiente.

28-08-2018

65%.

há muito, já se contaram os primeiros dias do ano. e se eu for observar onde eu estava no começo e onde estou agora acredito que avancei algo, mas não muito. ou pelo menos me foge à percepção do quando longe do ponto A me quedo agora. pelo menos tenho ouvido músicas.

talvez me falte foco, me falte algo ou alguém que me aponte um caminho. talvez isso não importe, talvez apenas seja uma busca vazia, essa. o menos incerto é que talvez nem seja de fato uma busca. porém ainda me preocupo em pensar. porra, o ano tá no seu quarto final.

talvez meu problema seja de memória. será que não ando registrando muito bem as coisas? provavelmente sim. provavelmente, o tempo anda me engolindo cada vez mais rápido e ainda não sei como lidar com isso, ou simplesmente me apavoro enquanto nado nas possibilidades que pensar nisso traz.

dias desses falei pro vento que gosto de estar disponível a ouvir. provavelmente, o que se passa por aqui não seja tão interessante, ou talvez apenas trivial, nada de fora do ordinário. ordinário, essa palavra muito me interessa e me define. o comum e o normal, transito por aí; portanto, é mais interessante ouvir. e ainda assim me coloco falando sobre isso, dessa maneira.

talvez meu problema seja de memória.

silêncio

ultimamente, ando dizendo muito que ainda estou aprendendo a ficar mais tempo sozinho. a prestar mais atenção em mim, a meus desejos, a descobrir o que tô desejando. ainda é cedo pra dizer os resultados disso, talvez seja sempre cedo pra dizer os resultados de alguma coisa que seja. esses resultados parecem ser simples recortes de tempo e espaço. mas não são esses recortes dimensionais que me acordaram, mas o silêncio.

vácuo. ausência. ruído branco. tinnitus.

pego o celular, vejo as notificações, levanto. a pedra da mesa da cozinha está fria. não há um ser aqui além de mim. há os sons da minha respiração, junto com o remexer das minhas tripas. condicionado, ligo a tv. meus ouvidos reclamam e, mais rápido ainda, desligo o aparelho. a tv é realmente um inferno dantesco, nesse momento.

frito um ovo pra acompanhar os restos do jantar de ontem. o silêncio me deixa ouvir meus pensamentos, leio um texto enquanto como. me sinto feliz por estar só. parece aquela felicidade adolescente de ter controle sobre os espaços da casa. ou apenas a vontade adulta de viver num espaço próprio, onde você tem um maior controle sobre a rotina.

penso se o silêncio é uma espécie de folha em branco, a tinta fazendo a vez desses pensamentos que vêm e pincelam, ou escrevem (ou se inscrevem) ali. será que as pessoas meditam por isso, pra saber que tipo de pensamentos se projetam quando você não está pensando em nada? será que o silêncio é temido por dar espaço a todas as preocupações e cobranças (internas ou externas) que nos pressionam?

sendo assim, o silêncio me atrai. e tento encará-lo não como ausência de som, mas como algo disforme, que nos puxa adentro dos sons internos nossos, uma tomada de consciência do espaço onde nosso corpo se projeta. porém, ao mesmo tempo, o silêncio pode ser apenas silêncio, sem romantizações, projeções platônicas ou fenomenologias. talvez apenas seja uma sensação primordial, ao mesmo tempo muito antiga e muito a frente do nosso tempo. aquilo que houve e que terminará por ser.

aliás, um silêncio pressupõe um som. onde há um, há outro; pra possibilitar a gente de percebê-los, nas suas diferenças. na verdade, talvez a música seja o cálculo de onde pôr os silêncios, em vez dos tempos dos acordes.