às vezes prefiro o silêncio, enquanto trabalho. às vezes algo instrumental, pois não envolve o processo de dar atenção à letra. fica então aquele lençol sonoro, que, ao mesmo tempo que me tira um pouco da realidade do trabalho, traz um sentido mais interessante a esse mesmo trabalho. é nesse momento que eu tenho que realizar, operar as coisas, apertar botões e procurar fazer algum sentido visual. muitas vezes, o que procuro é algo que me põe em algum tipo de transe, não falo aqui de foco, mas de mudar o chão em que piso, o assento em que sento. traz um pouco de algo além a cada clique que compõe uma ação qualquer.

e pra isso tem uns gêneros que talvez se encaixem: cool jazz, trip hop (dos anos 90 pra cá, esse gênero se diluiu, é difícil apontar o que é e o que não é trip hop), dark ambient (e não é nem por ser gótico, geralmente o dark ambient prioriza sons mais graves, o que tendo a achar mais confortável).

ou simplesmente me dá uma doida e eu ponho alguma aula, ou podcast, pra rolar. a minha retenção fica menor do que já é e, muitas vezes, acaba sendo uma doideira. porém, pode ser bom também. me sinto muito multitasker: faz várias coisas ao mesmo tempo de maneira extremamente medíocre.

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e aí: ideia de mapas. pra ler um livro mais teórico, por assim dizer, que não seja uma história dramática, que seja algo, por assim dizer, com um encadeamento, penso num mapa, pra servir de guia quando for procurar ou retomar algo. tipo um fichamento. mas acho que a palavra fichamento dá um peso que não queria trazer. então é um espécie de mapa mental mesmo, ou notas concêntricas que formam uma peça maior.

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o peso de fazer algo que não se sabe como fazer. ainda sobre hábitos éticos e se manter neles. e penso que o que me paralisa, muitas vezes é exatamente o fato de que não sei como iniciar este algo, ou decidir que caminho levar, ou mensurar pesos e medidas pra chegar até onde quero. e talvez isso seja hábito que vem com experiências, como contextualizações.

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mexendo no tuíter do ted gioia, achei um vídeo de uma cantora/pianista de nome hania rani (uma vibe meio aliterativa este nome) e me encantei com a sonoridade, ao mesmo tempo agitada e calma, como se fossem pequenas euforias, suaves disparos de adrenalina num toque frenético ver aqui o vídeo

hoje uma pessoa respondeu uma pergunta minha sobre trabalho. na verdade, joguei a dúvida se era possível amar um trabalho. ela disse que criou um trabalho pra si há 7 anos. aí a questão passa por o que seria criar um trabalho e se isso é realmente possível ou se essa pessoa estaria, por exemplo, experimentando um nicho de mercado. vi depois que ela trabalha com marketing. e, como pessoa que trabalha com marketing. desconfio de pessoas que trabalham com marketing.

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sempre que vou em feira, e fui na auê esses dias, penso em maneiras de complementar a renda. a gente precisa disso, pois a gente tá a mercê de, exagero claro, um dia mal dos chefes. mas esse ano eu me cansei. 2022 foi realmente o ano do cansaço. aliás, o biênio 2020-22 tem como nome a exaustão.